
Capote é, tal como se previa, Philip Seymour Hoffman, mas é também tão mais do que isso.
Confesso que me agradam muito mais as biopics que se centram numa só fase importante da figura que retratam do que, tal como Ray (que eu não gostei particularmente), as que tentam usar fórmulas já gastas para descrever o percurso de vida de uma pessoa. Capote enquadra-se nas primeiras, centra-se nos 4 anos em que Truman Capote escreve o seu mais famoso livro, e um dos mais importantes da literatura americana, In Cold Blood.
O filme trata a história de uma família assassinada no Kansas e de como Capote, depois de ler a notícia das mortes no jornal, decide escrever um livro sobre elas. A sua pesquisa leva-o a ter uma relação próxima com Perry Smith, um dos assassínos, e a grande proeza do filme está no excelente retrato do conflito de Capote entre a obssessão de acabar o seu livro e a proximidade que criou com o prisioneiro. A sua estima pelos reclusos torna-se tão forte que Capote insiste em adiar a publicação do livro para depois da pena de morte dos dois ser executada.
O retrato do escritor por parte de Philip Seymour Hoffman está perfeito. Do seu tom de voz aos mais pequenos gestos, da sua ácida ironia ao mais ingénuo olhar. O filme vive do actor e não podia ser tão grande obra se não fosse Hoffman, contrastado pela estridência de Catherine Keener, no papel de Harper Lee, a provar ser merecedora da nomeação para o Oscar.
No final de contas Capote é um filme que não cede às pressões das grandes produções, arriscando por um caminho mais simples e por esse motivo mais especial. Bennett Miller tem uma estreia auspiciosa na realização, nunca deixando escapar a sua pouca experiência atrás das câmeras.  A minha classificação é de: 8/10
E pronto, é isto que eu faço com uma frequência amanhã...Etiquetas: Criticas |
Também estou bastante curioso para ver o "Capote" :)!
Abraço